Hospitais psiquiátricos e manicômios conformaram, ao longo da história da humanidade ocidental, espaços de isolamento social, repressão e tortura físico-psicológica. Durante o século XX, diversas críticas surgiram aos locais de suposto tratamento da saúde mental e o movimento de luta antimanicomial tomou força, fortalecendo o processo de desospitalização. A Lei da Reforma Psiquiátrica de 2001 é o marco deste processo no Brasil e, aos poucos, os leitos em hospitais psiquiátricos do SUS em hospitais estão sendo substituídos por uma Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). O objetivo desta rede é ser composta por estruturas menores, focadas na inserção dos pacientes na sociedade e mantendo o contato com o núcleo familiar. Uma das estruturas da RAPS, são os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), locais de acolhimento semelhantes à uma residência para aqueles pacientes egressos de longos internamentos em instituições psiquiátricas que não contam com o apoio familiar. A Terapia Ocupacional é uma forma alternativa de tratamento, que busca atingir a emancipação e autonomia, através da inserção e participação dos pacientes na sociedade. A médica Nise da Silveira (1905-1999) foi a pioneira nos estudos e aplicação de métodos da terapia ocupacional no Brasil, e seu trabalho no atual Instituto Municipal Nise da Silveira, na cidade do Rio de Janeiro, que é tido como um exemplo de como a arte e o afeto são um caminho de cura mais eficiente do que a tortura e demais métodos invasivos de tratamento, como o eletrochoque e a lobotomia. Esta monografia tem como principal objeto de estudo os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT) no contexto da luta antimanicomial e busca compreender o papel da Arquitetura no processo de construção espaço através da reinserção social e cura por meio da arte e afeto.